René Descartes e o Discurso do Método, Parte 1 de 2

  • As informações e as citações são de: René Descartes, Discurso do Método, L&PM Pocket, 2008.
  • O objetivo desse texto é meramente informativo, para um aprofundamento leia um livro.
  • Aqueles que já estão bem interados no assunto se encontrarem algum equívoco no conteúdo sinta-se a vontade para comentar e corrigir.
René Descartes nasceu em 1596 em La Haye na província de Touraine na França. Vindo de uma família nobre estudou na escola jesuíta de La Fleche e posteriormente se formou em Bacharelado e Licenciatura em Direito na Universidade de Poitier. No ano de 1618, após concluir seus estudos Descartes junta-se ao exército de Maurício de Nassau em Breda. Seu objetivo era conhecer o mundo e aprender com ele.

Descartes é motivado pela sua insatisfação com o ensino que lhe foi dado e pela filosofia da época. Sendo um aluno exemplar sempre lhe foi concedido privilégios na escola e mesmo gozando de reconhecimento não se animou com as ciências que lhe eram ensinadas. Segundo ele a todas faltava uma essência indubitável, todas eram constituídas de mais incertezas e incoerências do que de verdades.

“E, decidido não buscar mais outra ciência senão a que se poderia achar em mim mesmo ou então no grande livro do mundo empreguei o resto da minha juventude em viajar, em ver cortes e exércitos, e freqüentar pessoas de diferentes humores e condições, em recolher diversas experiências (...). Pois parecia-me que eu poderia encontrar muito mais verdade nos raciocínios que cada um faz sobre os assuntos que lhe importam, e cujo resultado, se julgou mal, irá puni-lo em seguida, do que naqueles feitos pelo homem de letras em seu gabinete, sobre especulações que não produzem qualquer efeito e não têm outra conseqüência, a não ser, talvez, que lhe proporcionarão tanto mais vaidade quanto mais afastadas estiverem do senso comum, pelo tanto de espírito e de artifício que precisou empregar para torná-las verossímeis.”

Desde o início de suas investigações ele se mostra contrário à academia. Inicialmente criticando seu modus operandi e seus paradigmas, depois pelo total afastamento e isolamento a que se condicionou para atingir seu objetivo e por último, publicando seus livros em francês, língua popular para a época, ao contrário do que os “doutos” faziam, publicavam em latim mantendo o conhecimento sob o domínio de uma minoria (qualquer semelhança com a estrutura de divulgação científica atual, NÃO é mera coincidência. Falo disso depois).

“O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada: pois cada um pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os mais difíceis de contentar em qualquer coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. Não é verossímil que todos se enganem nesse ponto: antes, isso mostra que a capacidade de bem julgar, e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o bom senso ou a razão, (...), é naturalmente igual em todos os homens; e, assim, que a diversidade de nossas opiniões não se deve a uns serem mais racionais que os outros, mas apenas que conduzimos nossos pensamentos por vias diversas e não consideramos as mesmas coisas.”

Estando em campanha durante o inverno ás margens do Danúbio Descartes isolou-se em uma cabana e semeou as idéias que viriam a se tornar o Discurso do Método. Seu objetivo era estabelecer um método que o permitisse chegar a conhecimentos verdadeiros. Tendo sido bem instruído nas disciplinas de álgebra e geometria ele acreditava que de todas as ciências a matemática era a única que conseguia demonstrar seus conhecimentos a partir de uma lógica linear inquestionável. Inspirado nas matemáticas estabeleceu os quatro princípios irrevogáveis do método:

  • Evidência:“O primeiro era não aceitar jamais alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal: isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e nada incluir em meus julgamentos senão o que se apresentasse de maneira tão clara e distinta a meu espírito que eu não tivesse ocasião de colocá-lo em duvida.”
  • Análise:
    “O segundo, dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas possíveis e que fossem necessárias para melhor resolvê-las.”
  • Síntese:
    “O terceiro, conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelo mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir aos poucos, como em degraus, até o conhecimento dos mais compostos.”
  • “E o último, fazer em toda parte enumerações tão completas, e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir.”

To be continued...

Um comentário:

  1. Um bom início,usar a razão,sabendo que não basta...vou prosseguir as pesquisas.

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